sexta-feira, 30 de setembro de 2016

255ª Nota - O homem mau odeia a si mesmo


Diz-se que o homem é um ser, pelo que há nele de principal; ora, o que há de principal no homem é o espírito racional, sendo secundária a natureza sensitiva e corpórea. E desses dois elementos o Apóstolo chama ao primeiro homem interior, ao segundo, exterior (II Cor., 4). Os bons consideram como o que tem de principal a natureza racional, ou, o homem interior; e assim julgando, consideram-se como sendo o que são. Os maus, porém, julgam ter como elemento principal a natureza sensitiva e corpórea, isto é, o homem exterior. Por onde, não se conhecendo a si mesmos, a si mesmos não se amam verdadeiramente, mas se amam pelo que se julgam ser.
Ao contrário, os bons, conhecendo-se verdadeiramente a si mesmos, verdadeiramente a si mesmos se amam. E isto se prova por cinco elementos próprios à amizade. 1º. Todo amigo quer que o amigo exista e viva; 2º. Quer-lhe bens; 3º. Faz-lhe bens; 4º. Tem prazer em conviver com ele; 5º. Concorda com ele, alegrando-se e entristecendo-se ambos com as mesmas coisas. E assim sendo, os bons amam-se a si mesmos, no concernente ao homem interior, por quererem conservá-lo na sua integridade. E lhe desejam os bens próprios dele, que são os espirituais; e também se esforçam para que os consiga. E tem prazer em se concentrar no seu espírito porque nele encontram os bons pensamentos, no presente, a memória dos bens passados e a esperança dos futuros, que lhes é causa de prazer. Semelhantemente, não padecem dissensão na vontade, porque toda a sua alma tende para um mesmo fim.
Os maus não querem conservar a integridade do homem interior; nem lhe desejam os bens espirituais; nem se esforçam por tal; nem tem prazer em conviver consigo mesmos, concentrando-se no seu espírito, porque nele encontram males presentes, passados e futuros, que aborrecem. Nem vivem em concórdia consigo mesmos, por causa da consciência que os remorde, conforme aquilo da Escritura (XLIX, 21): “Arguir-te-ei e te porei diante da tua cara”. E pela mesma via pode-se provar que os maus se amam a si mesmos, no concernente à corrupção do homem exterior. Ora, em tal sentido, os bons não se amam a si mesmos.
Assim, pois, o amor a si, que é o princípio do pecado, é próprio dos maus e chega até o desprezo de Deus; porque os maus amam os bens externos a ponto de desprezarem os espirituais.

(Santo Tomás de Aquino, S.T. 2ª 2ae, q. XXV, a. 7)

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

254ª Nota - A mentira da filantropia ou do humanitarismo


Uma das mais insidiosas influências na sociedade moderna provém daqueles que cultivam a consciência social sem atentar para a consciência individual, ou que fazem distinção entre amor do próximo e amor de Deus, ou ainda que supõem que, transferindo seu sentimento íntimo de culpa para outros que sua consciência social reprova, escapam com isso à noção de culpabilidade própria, aprovada pela consciência individual. Procurando auxiliar a reforma de outros, reconhecem a necessidade de regeneração, porém não a aplicam a si mesmos. Muitos casais desiludidos, chegados à maturidade, entregam-se a um derivativo qualquer para evitar encarar o problema de reformar internamente a família. Conferindo ao seu egocentrismo um caráter social, imaginam se terem tornado humanitários, quando na realidade a última coisa que fazem é imolar o egoísmo. Se for verdade que se dão a si mesmos aos outros, fazem-no da maneira que escolheram, e não daquela que sua natureza humana lhes dita, sob aspiração divina. Na realidade, não estão senão aumentando o próprio egoísmo, quando acreditam estarem se desprendendo dele. Contudo, essa extroversão não passa de uma excrescência de seu egocentrismo inato. O que realmente se encontra, na raiz desse curioso tipo de interesse social, é o ódio pela própria personalidade, que outros chegariam talvez a superar ou a afogar no álcool, mas que eles procuram esquecer numa tentativa altruística. Tais surtos de generosidade tentam encobrir uma sensação de esterilidade e futilidades totais. O egocentrismo dessas pessoas oculta-se então sob o manto do humanitarismo e da filantropia, porém não existe amor, por não haver sacrifício do ego. Há atividade incessante, mas não há alegria; há filantropia, mas não há paz interior; há uma consciência social, mas não existe consciência individual. O comunismo encontrado na ordem social é uma consequência do ateísmo presente nos corações humanos. Os mais sublimes anseios naturais da alma, as mais profundas aspirações do coração humano, são banidos em benefício do ego triunfante. O resultado é uma tremenda dissociação interna da personalidade, pois, quando a vida perde a sua unidade básica, sucede-lhe o mesmo que o corpo desligado da alma: desintegra-se em seus elementos componentes. Uma personalidade incapaz de sacrifício é fechada em si mesma e impenetrável aos demais.

(Dom Fulton J. Sheen, em O Mistério do Amor)

terça-feira, 27 de setembro de 2016

253ª Nota - A farsa sobre os alimentos orgânicos


Bjorn Lomborg professor da Copenhagen Business School: alimentos “orgânicos” não são melhores que os convencionais

Nunca esquecerei quando, num minúsculo restaurante muito caseiro em Foz de Iguaçu, pude comer um frango deveras caipira! Nem das minhas delícias de criança devorando suculentos pêssegos num galho da plantação de um vizinho amigo.

Nem do entusiasmo com os peixes fritos numa praia do Uruguai, recém-descidos das barcas dos pescadores. Nem do “bife de tira” numa fazenda argentina. Nem... Nem...

Positivamente não sou de comida enlatada, congelada, repleta de conservantes, corantes, e muitas outras químicas incompreensíveis que enchem as prateleiras dos supermercados, inclusive dos melhores e mais caros.

Por isso, num primeiro momento meu movimento instintivo foi favorável à “comida orgânica”, apesar de seu preço inacessível para mim.

Resisti a prestar ouvidos a uma espontânea objeção: a turma verde apronta tantas que, quiçá, quiçá... nos sedutores produtos que oferecem, poderia haver “gato encerrado”, como diz o desconfiado espanhol.

Ainda quero sonhar. Mas sonho é sonho, e realidade é realidade.

E o reputado cientista Bjørn Lomborg me puxou para a realidade.
 

Ele também quer uma alimentação mais saudável. Mas foi estudar e descobriu, para meu pesar, que os “alimentos orgânicos” oferecidos como mais nutritivos, que fazem sofrer menos os animais e protegem o meio ambiente, são antes de tudo um golpe de marketing.

O professor adjunto da Copenhagen Business School explicou-o em artigo para o jornal londrino “The Telegraph”. 

Ele contou que, em 2012, o Centro para uma Política Saudável da Universidade de Stanford, Califórnia, realizou a maior comparação já feita entre alimentos vendidos como “orgânicos” e os convencionais.

E a conclusão foi que não se encontrou “uma prova robusta de que os orgânicos sejam mais nutritivos”. “Os estudos científicos não mostram que os produtos orgânicos sejam mais nutritivos nem mais seguros de que os convencionais”, insiste o estudo.

Tampouco que os animais criados em “granjas orgânicas” são mais saudáveis, e isto na maioria dos casos. Essa conclusão foi a mesma de um estudo de cinco anos feito nos EUA e referido pelo cientista dinamarquês.

Também o Comitê Científico Norueguês para a Segurança Alimentar não achou “diferenças no índice de doenças”: os “porcos e aves orgânicas podem ter mais acesso a áreas abertas, mas apresentam maiores índices de parasitas, fatores patógenos e predadores”.

A despeito da demonização, a agricultura orgânica usa largamente os pesticidas com licença legal.

Nem mesmo as abelhas criadas “organicamente” passam melhor.

Lomborg aponta que a “agricultura orgânica” como ela é hoje não passa de um “produto” vendido para quem quiser comprar propaganda. 

Afirma-se que consome menos energia, emite menos gases estufa, etc., etc. Porém requer uma área cultivável 84% maior e, no fim, acaba produzindo quase a mesma quantidade de gases-estufa, para mencionar um exemplo.

Para produzir organicamente os alimentos que consomem hoje, os EUA precisariam aumentar a área explorada numa extensão que equivale a erradicar os parques naturais e as reservas em 48 de seus Estados.

Alguém poderia objetar que os alimentos orgânicos pelo menos dispensariam os pesticidas. Mas Lomborg mostra que isso é um engano: a “agricultura orgânica” usa pesticidas “naturais” que ele menciona e que causaram doenças, incluída a leucemia, nos agricultores.

O cientista dinamarquês concede que os alimentos convencionais têm maior contaminação com pesticidas. Mas ela, sublinha, é muito reduzida.

A Divisão de Toxicologia do US Food and Drug Administration, concluiu que todos os resíduos de pesticidas convencionais poderiam causar 20 mortes anuais extras por câncer nos EUA.

Muito? Esse número é pálido se comparado ao impacto na mortalidade caso os EUA como um todo passarem para a “agricultura orgânica”.

O Prof. Lomborg explica esta conclusão, surpreendente à primeira vista.

O custo dessa transformação ficaria em algo como 200 bilhões de dólares anuais. Com esse dinheiro poderiam ser construídos hospitais, serviços de segurança social, escolas e infraestrutura, que teriam grande impacto na melhora das condições de vida e na redução das taxas de mortalidade.

As pesquisas apontam que uma redução do PIB em 15 milhões de dólares “estatisticamente” custa uma vida, porque na retração econômica a população gasta menos na saúde e reduz a compra de alimentos de boas marcas.

Em pratos limpos, nos EUA a transformação da produção alimentar convencional em “orgânica” matará 13.000 pessoas por ano.

Na Grã-Bretanha a mesma transformação custará anualmente 22 bilhões de libras esterlinas e mais de 2.000 mortos extras por ano.

A utopia agroecológica mal consegue se sustentar. A produção 'orgânica' atual apela para recursos que teoricamente aborrece, mas são produtivos e dão muito retorno.

Norman Borlaug, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz por impulsionar o fornecimento de alimentos em grande escala, gostava de insistir que “a agricultura orgânica em escala global deixaria dois bilhões de pessoas sem comida”, lembra Lomborg.

Essencialmente, o “alimento orgânico” como é oferecido hoje serve para as pessoas ricas se exibirem gastando seu dinheiro extra.

Da mesma maneira que o gastam em férias e divertimentos que as posicionam na elite dojet-set mundial, como se essa fosse uma categoria moral superior.

Em resumo, Lomborg diz que os “alimentos orgânicos” que se encontram por aí não são mais saudáveis, nem mesmo melhores. Aplicar a “agricultura orgânica” em grande escala custará dezenas de bilhões de dólares, multiplicará os danos ambientais, erradicará florestas globalmente e aumentará as mortes em muitos milhares.

A famosa estilista Vivienne Westwood, ambientalista ardida, exclamou com fastio que o pessoal que não consegue pagar “alimentos orgânicos” deveria “comer menos”.
Para Lomborg, esse slogan patenteia uma insensibilidade moral revoltante muito típica do jet-set verde. Quem está com fome ou não pode pagar a comida que precisa deveria ter acesso a alimento mais econômico.

E esse objetivo humano básico não será atingido com a “agricultura orgânica”.

Concluindo o artigo de Lomborg, fiquei tomado pela impressão de que nessa “agricultura orgânica” há “gato encerrado”. Algo que cheira a MST.

Voltei-me para uma coleção de iluminuras mostrando uma encantadora produção agrícola numa natureza digna de quadro de Fra Angélico: monges medievais transformando a natureza numa imagem do Paraíso.


http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com.br/2016/08/alimentos-vendidos-como-organicos-nao.html

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

252ª Nota - A mulher que está de moda


A mulher que está de moda, a que se cotiza nos mercados do mundo é completamente diferente (da mulher forte bíblica).

Esta mulher da moda não sabe nem pode fazer feliz o seu marido; por isso a maioria dos matrimônios modernos está corrompida internamente e por isso os pecados de divórcio são inúmeros.

Nessa mulher não descansa o coração do marido; não pode confiar-lhe a administração da casa, porque depressa arruinará o lar. Todo o ordenado lhe parece pouco para vestidos, pinturas e divertimentos; por isso o marido tem de dar o dinheiro por conta e ela queixa-se porque não lhe dá mais e porque não trabalha mais, para que ela possa gastar mais, divertir-se mais e vestir melhor.

E como é gastadora nos seus caprichos, tem o coração endurecido para a miséria dos pobres.

Não é a mulher forte que se prepara desde a madrugada para os trabalhos da casa; é a mulher preguiçosa que toma o pequeno almoço na cama, que dorme até tarde, não porque tenha trabalhado nos arranjos da casa, mas porque passou a noite no bar, no cinema, na cavaqueira ou nalguma ceia americana.

Os seus braços não estão feitos para o trabalho, são feitos para os exibir nus numa exposição de belezas ou de obscenidades, como são muitas salas de diversão.

Não se prepara de manhã para pegar nos utensílios de trabalho; enche-se de pulseiras e de anéis, chama a manicure e depois de aguentar um trabalho meticuloso, exibe essas mãos pelos lugares de reunião...

As suas palavras não estão impregnadas de bom senso, porque isso é precisamente o que lhe falta.

Tem um critério anticristão;  por isso defende sem vergonha as mães que não querem ter filhos e as que sabem divertir-se. Para ela nada é pecado. A sua conduta vergonhosa é a vida ideal...

Assanha-se particularmente contra as mulheres honestas e honradas, conhece os defeitos de todo o povoado e ignora os próprios que dão que falar a uma legião de más linguas como ela.

Não se preocupa com a conduta nem dos filhos nem das filhas; e estas imitam a frivolidade e as loucuras da mãe...

Ideal belo: ser a rainha do lar; porém não o serás, se vais pelo caminho das jovens modernas.

Nem serás rainha, nem terás lar. Serás um ser desprezível aos olhos de Deus e aos olhos dos homens sensatos.

Jovem, imita a mulher forte que descreve o Espírito Santo; e se queres realizar essa imagem, olha para a Virgem Maria no lar de Nazaré. Essa é a rainha do lar. Imita-a se queres que nesse lar ideal que fantasias, teu marido e teus filhos te entronizem e te ponham a coroa de rainha.

(Juan Rey S.J., Retratos de Nossa Senhora, Trad. M. V. Figueiredo, S.J., 1957)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

251ª Nota - Panteísmo Ambientalista


Qualquer um que tenha estudado o movimento ambientalista global com certeza já ouviu falar no termo “Gaia”. O culto de Gaia é um renascimento do paganismo que rejeita o Cristianismo, considerando-o como seu maior inimigo, e que vê a fé cristã como único obstáculo ao estabelecimento de uma religião global centrada na adoração de Gaia e na união de todas as formas de vida em torno da deusa ou “Mãe Terra”.

Uma mistura astuta e desonesta de ciência, paganismo, misticismo oriental, e feminismo fez desse culto pagão uma ameaça crescente à igreja de Cristo. A adoração de Gaia é o cerne da política ambiental de hoje. O Tratado das Espécies ameaçadas de extinção, o Tratado da Biodiversidade das Nações Unidas e de várias ONGS, o Conselho sobre o Desenvolvimento Sustentável etc, são tudo cria do culto de Gaia tentando salvar a “Mãe Terra”. Este movimento religioso, com características de seita, está sendo promovido por celebridades e formadores de opinião como o ex-vice-presidente Albert Gore, a CNN, que é uma emissora de Ted Turner, bem como as Nações Unidas e suas várias ONGs. O livro de Al Gore “Earth in the Balance” é apenas um dos muitos livros que proclama descaradamente a divindade da Terra e culpa os “fanáticos seguidores de Jesus Cristo”, tão prejudiciais ao meio ambiente, pela decadência desta deusa pagã. As Nações Unidas têm sido extremamente bem sucedidas em infundir a “Religião Verde” como um órgão governamental internacional que vem afetando e controlando de modo crescente vários setores de nossas vidas.

Então, o que vem a ser este novo culto de Gaia? É basicamente uma versão requentada e modernizada do paganismo condenado por Deus na Bíblia. Ciência, teoria da evolução, e crença em uma era espacial apenas adquiriram uma nova faceta que torna o paganismo mais digerível e convincente para o homem moderno. Mas é o mesmo velho paganismo com todos os seus males. Existem outros movimentos de cunho religioso que tentaram propagar a mesma idéia sobre a divindade da “Mãe Terra”, mas só o novo culto de Gaia conseguiu unir o movimento ambiental, o movimento New Age, religiões orientais, e até mesmo os líderes de muitas denominações cristãs em torno de uma versão única e bastarda do paganismo. A única capaz de deter tal avanço era ainda a Igreja Católica.

Boa parte desse sucesso pode ser creditada a James Lovelock. Lovelock trabalhou para a NASA durante a década de 1960 como consultor para o “Life on Mars”, um projeto de nave espacial Viking. A teoria de Lovelock afirma que a terra, a biosfera está intimamente ligada ao seu ambiente, agindo como um sistema único, um sistema vivo que se autorregula de forma a manter as condições que são adequadas para a vida. Este sistema vivo, segundo ele, é o resultado de uma forma de meta-vida que ocupou nosso planeta há bilhões de anos atrás e iniciou o processo de transformar este planeta em sua própria substância. Todas as formas de vida no planeta, de acordo com Lovelock, são parte de Gaia – uma parte de uma deusa espírito que sustenta a vida na Terra. Desde a sua transformação em um sistema vivo, ele teoriza, as intervenções de Gaia produziram a diversidade através de um processo de evolução das criaturas no planeta Terra. Da perspectiva de Lovelock que viu a Terra a partir do espaço, o que ele viu não foi um planeta, mas um sistema vivo autoevolutivo e autorregulador. Sua teoria apresenta a terra não como a rocha que é, mas como um ser vivo. Ele nomeou-a Gaia, em homenagem à deusa mitológica grega que teria criado o mundo dos vivos tirando-o do Caos.

A ideia da Terra como a vida, espírito divino não é nova. Platão disse: “Devemos afirmar que o cosmos, mais do que qualquer outra coisa, é o que mais estreitamente se assemelha a alma vivente da qual todos os outros seres vivos, individual ou geneticamente, são parte. Uma criatura viva que é a mais perfeita entre todas as formas”. Como a mais nova versão do paganismo, Gaia é totalmente aceita pelo movimento da Nova Era e se encaixa perfeitamente no misticismo oriental, mas era necessária a ciência para reunir num só caldeirão, evolucionistas e humanistas apaixonados pela ciência. Para essas pessoas, Gaia se tornou palatável pelo modelo criado por Lovelock, uma teoria matemática e científica concebida para refutar as críticas contra Darwin. Assim como a evolução elimina a necessidade de um criador divino, o modelo de Lovelock forneceu uma teoria da evolução da vida na Terra, que incorpora a seleção natural em um mundo que está interligado. Ele elimina a ideia de um Deus pessoal e Onipotente e faz dos seres humanos uma parte do espírito divino que é Gaia.

Mais atraente ainda para os seguidores da Nova Era e o Movimento Ecumenista é o lado místico de Gaia. Eles podem facilmente se acostumar à crença de que os seres humanos podem ter experiências místicas ou uma relação espiritual com Gaia. A conexão e a crença de que os seres humanos são parte dessa consciência coletiva chamada Gaia agrada a eles. Gaia ensina que um “Espírito da Terra”, deusa, ou cérebro planetário deve ser protegido. É essa crença que alimenta o movimento ambientalista, o desenvolvimento sustentável e um impulso global para o retorno das nações industrializadas a uma forma primitiva de vida. Algo que é útil ao Comunismo Internacional. Tal como aconteceu com os evolucionistas, os humanistas, e as outras religiões pagãs do mundo, Gaia nomeou o Cristianismo como o grande obstáculo para a evolução humana e nosso destino espiritual. Um documento encomendado pela ONU e patrocinado pela Convenção sobre Diversidade Biológica e Avaliação da Biodiversidade Global, se refere explicitamente ao Cristianismo como uma fé que coloca os seres humanos acima ou alheios à natureza e despoja a natureza de suas qualidades sagradas. O documento afirma:  “Conversão ao Cristianismo significou, portanto, o abandono de uma afinidade com o mundo natural para muitos habitantes da floresta, camponeses, pescadores em todo o mundo… Nas montanhas do nordeste da Índia que fazem fronteira com a China e Mianmar foi apoiada a criação em pequena escala, de sociedades em grande parte autônomas até 1950. Essas pessoas seguiam suas próprias tradições religiosas que incluía separar 10% e 30% do meio ambiente considerados como bosques e lagos sagrados”.

Ao mesmo tempo que condena o Cristianismo como a raiz de todo o mal ecológico, o documento prossegue elogiando o budismo e o hinduísmo porque eles “não se afastam drasticamente da perspectiva dos seres humanos como membros de uma comunidade de seres que incluem outras vidas e elementos não vivos”. Religiões não cristãs são, definitivamente, favorecidas pelo governo global como bons administradores da Mãe Terra.

Todos os membros desta “Religião Verde” concordam entre si que a Terra está em um estado de crise e que esta situação de emergência ecológica é o resultado das tradições cristãs. Eles acreditam que a crença judaico-cristã, segunda a qual Deus escolheu o homem para reinar sobre a terra, levou-o a explorar e abusar da Mãe Terra. O Monoteísmo, segundo eles afirmam, separou os seres humanos de sua antiga conexão com a terra, e para inverter esta tendência, os governos, a mídia, os nossos sistemas de ensino, artistas e outras áreas de influência devem reavivar o mito pagão centralizado na terra e reconectar-nos ao espírito da Terra”.


(Tradução de Gercione Lima do texto da jornalista americana Jennifer Hast, publicado em outubro de 2002)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

250ª Nota - A tentação para desistir


“Um homem perseguido se cansa às vezes de desconfiar e deseja ter amigos.”
(Aragorn, em O Senhor dos Anéis, de Tolkien)

Uma das grandes tentações do católico (verdadeiro) dos tempos atuais é o desistir em odiar e recusar o mal e suas consequências. 

terça-feira, 13 de setembro de 2016

249ª Nota - Muitos padres se condenam eternamente


“Há um inferno, e muitos padres são e serão condenados. Serei eu deste número? Sim, se não me fizer violência. Sim, se não me vencer. Sim, se continuar tão fraco na oração, na humildade e nas humilhações. Sim, se meus parentes forem para mim mais do que Deus. Sim, se renegar a Deus, não tendo a coragem de me declarar por Ele, em qualquer circunstância. Sim, finalmente, se não estiver pronto a fazer tudo e a tudo sacrificar por Deus. Das duas uma: ou salvar-me, ou condenar-me.”
(Beato Pedro Julião Eymard) 

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

248ª Nota - Dez estratégias de manipulação pela mídia



1 – A Estratégia da Distração.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças que são decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais na área da ciência, economia, psicologia, neurobiologia ou cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto ‘Armas Silenciosas para Guerras Tranquilas’).

2 – Criar problemas e depois oferecer soluções.
Este método também se denomina “Problema-Reação-Solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que seja este quem exija medidas que se deseja fazer com que aceitem. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja quem demande leis de segurança e políticas de cerceamento da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer com que aceitem como males necessários o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3 – A Estratégia da Gradualidade.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, com conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira as condições sócio-econômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego massivo, salários que já não asseguram rendas decentes, tantas mudanças que provocariam uma revolução se fossem aplicadas de uma vez só.

4 – A Estratégia de Diferir.
Outra maneira de fazer com que se aceite uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para se acostumar com a ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

5 – Dirigir-se ao público como a criaturas de pouca idade.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por que? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos”.

6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional, e, finalmente, no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.

7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância planejada entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser alcançada para as classes inferiores”.

8 – Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.
Promover a crença do público de que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9 – Reforçar a autoculpabilidade.
Fazer crer ao indivíduo que somente ele é culpado por sua própria desgraça devido à insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, em vez de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se menospreza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição da ação do indivíduo. E sem ação não há revolução!

10 – Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.
No decurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles que possuem e utilizam as elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que este conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos.

(Noam Chomsky é professor emérito de Linguística no MIT.)

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

247ª Nota - Gilberto Freyre e o Catolicismo no Brasil


Os jesuítas foram outros que pela influência do seu sistema uniforme de educação e de moral sobre um organismo ainda tão mole, plástico, quase sem ossos, como o da nossa sociedade colonial nos séculos XVI e XVII, contribuíram para articular como educadores o que eles próprios dispersavam como catequistas e missionários. Estavam os padres da S.J. em toda parte; moviam-se de um extremo ao outro do vasto território colonial; estabeleciam permanente contato entre os focos esporádicos de colonização, através da “língua-geral”, entre os vários grupos de aborígines. Sua mobilidade, como a dos paulistas, se por um lado chegou a ser perigosamente dispersiva, por outro lado foi salutar e construtora, tendendo para aquele “unionismo” em que o Professor João Ribeiro surpreendeu uma das grandes forças sociais da nossa História.

Para o “unionismo” prepara-nos, aliás, a singular e especialíssima situação do povo colonizador; o qual chega às praias americanas unido política e juridicamente; e por maior que fosse a sua variedade íntima ou aparente de etnias e de crenças, todas elas acomodadas à organização política e jurídica do Estado unido à Igreja Católica. Como observa M. Bonfim, “a formação de Portugal se caracteriza por uma precocidade política tal, que o pequeno reino nos aparece como a primeira nação completa na Europa do século XVI”. Observação que já fizera Stephens na sua “The Story of Portugal”.

Os portugueses não trazem para o Brasil nem separatismos políticos, como os espanhóis para o seu domínio americano, nem divergências religiosas, como os ingleses e franceses para as suas colonias. Os Marranos em Portugal não constituíam o mesmo elemento intransigente de diferenciação que os Huguenotes na França ou os Puritanos na Inglaterra; eram uma minoria imperecível em alguns dos seus caraterísticos, economicamente odiosa, porém não agressiva nem perturbadora da unidade nacional. Ao contrário: a muitos respeitos, nenhuma minoria mais acomodatícia e suave.

O Brasil formou-se, despreocupados os seus colonizadores da unidade ou pureza da raça. Durante quase todo o século XVI a colônia esteve escancarada a estrangeiros, só importando às autoridades coloniais que fossem de fé ou religião Católica. Handelmann notou que para ser admitido como colono do Brasil no século XVI a principal exigência era professar a religião cristã: “somente cristãos” – e em Portugal isso queria dizer Católicos – “podiam adquirir sesmarias”. “Ainda não se opunha todavia”, continua o historiador alemão, “restrição alguma no que diz respeito à nacionalidade: assim é que Católicos estrangeiros podiam emigrar para o Brasil e aí estabelecer-se [...]”. Oliveira Lima salienta que no século XVI Portugal tolerava em suas possessões muitos estrangeiros, não sendo a política portuguesa de colonização e povoamento a de “rigoroso exclusivismo posteriormente adotado pela Espanha”.

Através de certas épocas coloniais observou-se a prática de ir um frade a bordo de todo navio que chegasse a porto brasileiro, a fim de examinar a consciência, a fé, a religião do adventício. O que barrava então o imigrante era a heterodoxia; a mancha de herege na alma e não a mongólica no corpo. Do que se fazia questão era da saúde religiosa: a sífilis, a bouba, a bexiga, a lepra entraram livremente trazidas por europeus e negros de várias procedências.

O perigo não estava no estrangeiro nem no indivíduo disgênico ou cacogênico, mas no herege. Soubesse rezar o padre-nosso e a ave-maria, dizer Creio-em-Deus-Padre, fazer o pelo-sinal-da-Santa-Cruz – e o estranho era bem-vindo no Brasil colonial. O frade ia a bordo indagar da ortodoxia do indivíduo como hoje se indaga da sua saúde e da sua raça. “Ao passo que o anglo-saxão”, nota Pedro de Azevedo, “só considera de sua raça o indivíduo que tem o mesmo tipo físico, o português esquece raça e considera seu igual aquele que tem religião igual à que professa”.

Temia-se no adventício acatólico o inimigo político capaz de quebrar ou de enfraquecer aquela solidariedade que em Portugal se desenvolvera junto com a religião Católica. Essa solidariedade manteve-se entre nós esplendidamente através de toda a nossa formação colonial, reunindo-nos contra os calvinistas franceses, contra os reformadores holandeses, contra os protestantes ingleses. Daí ser tão difícil, na verdade, separar o brasileiro do Católico: o Catolicismo foi realmente o cimento de nossa unidade. 

(Gilberto Freyre, em “CASA-GRANDE & SENZALA – Formação da Família Brasileira – Sob o Regime de Economia Patriarcal – 1958)

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

246ª Nota - Aceitar a Cruz


NUNCA SE QUEIXE DAS CRIATURAS 

Nunca se queixe de qualquer pessoa ou coisa que Deus possa usar para afligi-lo. Há três tipos de queixas que nós podemos fazer em tempos de sofrimento. A primeira é a natural e espontânea, como quando o corpo geme e reclama, verte lágrimas e lamentos. Não há falha nisso, desde que, como eu disse, o coração esteja resignado ao desejo de Deus. O segundo tipo de queixa é aquele da mente, como quando nós reconhecemos nossas maldades a alguém que pode nos dar algum alívio, tal como um doutor ou um superior. Poderia haver alguma imperfeição nisso se nós estivéssemos também ávidos para contar nossos problemas, mas não há pecado nisso. O terceiro tipo é pecaminoso: quer dizer, quando nós criticamos nosso semelhante tanto para livrar-se de um mal que nos aflige ou nos vingarmos dele; ou quando nós nos queixamos deliberadamente do que nós sofremos com impaciência e resmungos.

ACEITE A CRUZ UNICAMENTE COM GRATIDÃO

Não importa quando você receber qualquer cruz, receba sempre com humildade e prazer. E quando Deus lhe favorece com uma cruz de alguma importância, mostre sua gratidão de um modo especial, peça a outros que façam o mesmo. Siga o exemplo da mulher pobre que havendo perdido tudo que ela tinha em um pleito injusto – com a única moeda que restava ofereceu para ter uma Missa em ação de graças pela boa fortuna.

CARREGAR ALGUMAS CRUZES VOLUNTÁRIAS

Se você quer se tornar merecedor dos melhores tipos de cruzes, isto é, aquelas que vêm até você sem escolher, então sob a direção de um diretor prudente, tome algumas delas por seu próprio consentimento. Por exemplo, suponha que você tenha uma peça de mobiliário que você seja apreciador, mas que não é de qualquer uso pra você. Você poderia distribuir a alguém que precisasse disso, dizendo para si, "Por que eu deveria ter coisas que não preciso quando Jesus é tão pobre?"

Ou se você tiver um desgosto por um certo tipo de comida, uma aversão a uma prática de alguma virtude particular, ou um desgosto por algum odor desagradável, poderia pegar a comida, praticar a virtude, aceitar o odor, e assim conquistar a si mesmo.

Ou novamente, sua ternura por uma certa pessoa ou coisa talvez seja repugnante. Por que não vê menos essa pessoa ou se mantém distante dessas coisas que lhes seduzem?

Se você tiver uma inclinação natural nunca se perca. Vocês têm uma aversão natural a certas pessoas ou coisas? Então as evite e as domine.

Se em verdade sois verdadeiros Amigos da Cruz, o amor, que é sempre engenhoso, fará vocês encontrarem milhares de pequenas cruzes para enriquecê-los. E vocês não precisarão ter qualquer medo de vanglória, que tão frequentemente corrompe a paciência que as pessoas exibem sobre cruzes espetaculares. E porque vocês têm sido fiéis nas coisas pequenas, o Senhor lhes estabelecerá um fardo maior, de acordo com Sua promessa. Isso quer dizer, fardos de maiores graças que Ele lhes proverá, das maiores cruzes que Ele lhes enviará, das maiores glórias que Ele lhes preparará. 

(São Luís Maria de Montfort)